quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

A GRANDEZA DA FIGURA DE MARIA


Na encíclica Redemptoris Mater, o Papa João Paulo II resumia deste modo um dos núcleos fundamentais da fé católica a respeito de Maria: «Em virtude da graça do seu amado Filho, em razão dos méritos redentores... do que seria seu Filho, Maria foi preservada da herança do pecado original. Deste modo, a partir do primeiro instante da sua concepção, quer dizer, da sua existência, Ela pertence a Cristo, participa da sua graça salvífica e santificante e daquele amor que tem o seu início no Amado, no Filho do eterno Pai, que mediante a encarnação se converteu no seu próprio Filho».
Cumulada de dons celestes, acima dos anjos e dos santos, Maria possui uma plenitude de inocência e de santidade cujo alcance nenhuma inteligência criada pode esgotar. A nossa Mãe é assim, assim gostamos de a contemplar os seus filhos, adornada de majestade, de dignidade e, simultaneamente, de ternura e simplicidade. «Sabemos – comenta S. Josemaria – que é um segredo divino»; mas um segredo que apaixona e no qual, por isso, nos agrada e alegra meditar.

Esse «segredo divino» foi antecipado nas primeiras páginas do Génesis, quando Deus anunciou, depois do pecado original, que estabeleceria inimizade entre a serpente e a mulher. E começou a desvendar-se com as palavras da saudação de Gabriel, o anjo da Anunciação, àquela donzela que era desde sempre Amada no Filho Amado: «Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo»: Com uma simplicidade esplêndida, com termos que mal entreabrem o horizonte sem ainda o manifestarem completamente, a mensagem da salvação iniciou o seu caminho definitivo na terra. «Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo»: o plano da nossa Redenção, estabelecido pela Trindade para que os homens pudessem participar como filhos, na vida divina, entrava no seu momento culminante. No instante sublime em que ressoaram no coração de Maria as palavras do Anjo, os desígnios do Pai começaram a realizar-se plenamente na história.

Na santidade desta Mulher, concebida sem pecado e fiel em todos os passos do seu caminhar, dão-se a conhecer as delicadezas do amor de Deus e as maravilhas que a liberdade pode tocar quando a alma se decide a ser fiel. A Virgem é a «obra prima» da Trindade, como afirma o Catecismo da Igreja Católica, e para nós é também o melhor modelo do seguimento de Cristo. Maria precede-nos e supera-nos sem medida; ao mesmo tempo que – humilde donzela de Nazaré, «desposada com um varão de nome José, da casa de David» – nos anima a assemelhar-nos a Ela. Porque os cristãos somos chamados a pertencer a Cristo, a fazê-lo como Maria e aproximando-nos de Maria.

Através dela Deus chama-nos a secundar genericamente a missão de Jesus; a contribuir com o nosso empenho pessoal para a obra que o seu Filho, nascido da Virgem Maria, confiou à Igreja; a cooperar com fé, esperança e caridade na restauração da vida sobrenatural nas almas; e estender pelo mundo a mensagem evangélica de paz, de alegria, de salvação. Na conduta e no exemplo de Santa Maria reconhecemo-nos eleitos desde a eternidade e compreendemos que estamos chamados a ser santos e santificadores no meio do mundo, portadores, como Ela, de Cristo e, como ela, fermento de santidade.


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